A Transformação da Nossa Dança
Em um ano de ressignificação, a dança também se transforma.

Imagem: bailarinas fazendo uma aula de balé clássico em uma cidade destruída da Rússia, durante a Segunda Guerra Mundial.
Depois de escutarmos muitos diretores e coreógrafos de todo o Brasil e de conversarmos muito sobre a situação que estamos vivendo, percebemos que além de buscarmos estratégias, precisamos entender e aceitar esse momento para conseguirmos encarar as novas formas de se fazer e aprender a dança.
É muito difícil para qualquer professor não poder estar com os seus alunos, e para a arte, de maneira geral, que trabalha não só com a mente, mas com a potência do corpo e com a alma de cada bailarino, é preciso ressignificar toda a experiência presencial para o virtual e dosar as expectativas para compreender que os resultados não serão os mesmos.
Não dá para ficar preso ao passado que é tão próximo, nem à aula “perfeita” que acontecia presencialmente, é preciso saber como estão os nossos (e os seus) alunos e aprender a trabalhar os “novos corpos” que eles habitam devido ao isolamento; focar mais em promover experiências e autoconhecimento, do que manter o conteúdo técnico em dia.
Ampliar ainda mais o diálogo entre professor e aluno, também é imprescindível para conquistá-los com as novas atividades, e para que eles entendam que o que está sendo proposto, pode até não ser o mesmo da sala de aula, mas também não é menos importante e divertido. É necessário tocar mentes que agora estão tomadas por novas alegrias, inquietações, medos e frustrações.
É preciso considerar os novos espaços para as aulas remotas, suas diferenças e limitações. Pequenos corredores ao lado de uma cama, dois passos de um móvel, piso rígido, quintais em dias frios, barulho e inúmeras distrações estão longe de se tornar o cenário ideal para qualquer processo de aprendizagem, mas são estes os espaços que precisamos ocupar neste momento.
A imagem trazida acima é de bailarinas fazendo uma aula de balé clássico em uma cidade destruída da Rússia, durante a Segunda Guerra Mundial. Estão rodeadas pelos escombros e por soldados, em uma estrutura improvisada e inapropriada para a prática, mas nem todo esse ambiente de violência e sofrimento as impediu de aprimorar a sua dança.
Tem sido sim um período de muitas incertezas e de muita adaptação, mas estamos todos aprendendo, tentando nos reinventar, e nos preparando para transformações, assim como as que ocorreram no pós-guerra, por exemplo.
Vamos sair sim dessa pandemia (guerra) muito mais fortes, e o ensino da dança pode e vai se transformar, só não poderá ficar esperando tudo isso passar. Dança é arte: a arte do corpo. E a arte é o que tem nos mantido conscientes mesmo apesar de tanta mudança!